Решила предложить для перевода отрывок из историка-классика -
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fern%C3%A3o_Lopes.
AS CRÓNICAS DE FERNĀO LOPES (excertos)DO QUE ACONTECEU AO INFANTE D. JOÃO COM UM URSO E UM PORCO ANDANDO A CAÇA DE MONTARIA El-rei D. Fernando era muito apreciador de caça e de monte, onde quer que sabia que os havia bons; tomando nisso grande prazer e recreio. E porque lhe fizeram saber que em terra da Beira e pela Riba de Côa havia bons montes de ursos e de porcos ema grande abundância, fez-se prestes com toda a sua casa e a da rainha e muitos monteiros com sabujos e alãos, e tomou o caminho daquela comarca.
E, fazendo neles grande matança, aconteceu um dia que o infante se encontrou com um urso muito grande, e aproximou-se tanto de!e para o ferir a mão tenente, que o urso firmou bem os seus pés e levantou os braços para o arrebatar da sela. O infante, quando viu isto, empicotou-se sobre a sela até cair todo sobre o arção dianteiro, e o urso, estendendo as pontas das mãos para o agarrar, al¬cançou o arção de trás da sela tavarenha (como então usavam) arrancando-o, com uma grande al¬java, da anca do cavalo.
O infante, apesar disto, não o largou, e assim, "sem arção e com o cavalo ferido, voltou sobre ele paira o remessar e nunca o largou até que vieram outros e lho ajudaram a tomar nas ascumas.
Doutra vez aconteceu-lhe que cercou um porco muito grande que achara com grande trabalho depois de ter andado longa terra dia e noite, do que ficou muito cansado. Quando o teve cercado mandou um seu pajem, que lhe levava a ascuma, que fosse à pressa chamar os de cavalo e os monteiros e toda a vezaria, e que lhe trouxessem dois alãos, que amava tanto que dormia no meio deles na cama. Um chamava-se Bravor, e dera-lho seu irmão, o mestre de Avis. Outro chamava-se Rabez e enviara-lho Fernão Peres de Andrade, tio de Rui Freire, o da Galiza.
Fez-se muito tarde enquanto a companhia se juntou toda, porque vinham de longe. E depois de ter distribuído as armadilhas ficou o infante em uma delas e mandou pôr os cães a achar. Mas não acharam nada porque o porco se levantara entretanto e não estava naquele sitio.
Durou isto tanto tempo que o infante com que¬branto não pôde aguentar-se que não dormisse. O seu pajem que tinha os alãos, forçado também pelo sono, fez-ihe companhia e adormeceu. Mas antes que o fizesse, como não sentia vozes de monteiros nem ladridos de caes no monte, dispôs-se a dormir com todo o seu vagar e atou as trelas dos alãos uma na perna, e outra ao redor da cintura.
Neste meio tempo sobreveió o grande porco, seguro e desacompanhado de sabujos e alãos, opri¬mido pela grande calma que fazia, e veio a surgir pela entrada do mato, junto com a armadilha onde jaziam o infante e o seu pajem dormindo.
Ora deveis saber que aquele alão de Bravor, cheio de ousadia e de perfeições de sua natureza, estava ensinado por tal forma que, sem trela, acompanhava um cavalo, por mais que ele corresse, com o focinho na estribeira, e não se lancava a porco ou urso ou outra alimáña, senão quando lho mandavam fazer.
E quando o porco assim apareceu, o outro alão Rahez deu uma arrancada, mas o Bravor manteve-se quedo. E vendo que o porco saía e que o não desatrelavam, o Rahez fez urna grande arrancada por um mato, levando atrás de si o pajem e o outro alão.
Ao som disto acordou o infante, e quando viu o moço e os alãos irem desta maneira, e que o porco se punha a salvo, teve uma fúria tão grande que não podía ser maior. Foi rijamente com um cutelo de caça fora da bainha e cortou as trelas que estavam atadas ao pajem. Os alãos, com as trelas cortadas, foram agarrar o porco num espesso arvoredo. Chegando o infante, o porco estava para se safar dos alãos, embaraçados numas curtas car¬valheiras. Mas ao escapar-se o porco, que não quis enfrentá-lo, o infante remessou. E então foi feita de seu braço a mais formosa ascumadá que até então foi vista ou ouvida entre monteiros, porque os gumes da ascuma entraram pelos polpões da coxa e cortaram os ossos e as juntas e saíram com toda a haste, até o cabo, pelas espáduas.
E muitas outras andanças, algumas boas outras contrárias, lhe aconteceram nas suas montarias que seriam longas de contar. E assim como era grande monteiro, da mesma forma era caçador de todas as espécies de aves, tanto açores como falcões e gaviães, galgos de lebres e raposas e podengos de mostra. E ele próprio os ensinava a caçar, a tal ponto que todos tinham por grande o trabalho e afã que em semelhantes feitos levava.
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